sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Convite ao Samba - II Festival África-Brasil em Salvador

Salvador sedia, nos dias 1º e 2 de dezembro, a segunda edição do Festival África-Brasil. O evento gratuito, que acontecerá no Largo do Terreiro de Jesus, no Pelourinho, traz como principais atrações confirmadas o mais "belo dos belos" Ilê Ayê, Jorge Ben, Martinho da Vila, Margareth Menezes e Cheikh Lô, do Senegal. Além de outros nomes locais, a exemplo da Banda Didá, Os Negões, o bloco afro Muzenza, a Boiada Multicor e o grupo Mamulengos, que farão o percurso do Terreiro ao Lago do Pelourino.

O festival é uma iniciativa da Fundação Palmares do Ministério da Cultura, em parcerias com a Petrobras, Secretaria de Cultura da Bahia, Prefeitura Muncipal de Salvador e BYI Projetos Culturais. Segundo notícias do site oficial da Fundação, a idealizadora do evento, a socióloga e produtora cultural Beth Cayres diz que "o principal objetivo do Festival África Brasil é promover o aprofundamento de vínculos entre o Brasil com países e povos da África, com foco na cultura".

Programação - No sábado, 1º de dezembro, as festividades começam a partir das 20h00, no palco principal. Se apresentam, nessa ordem, Os Negões, em seguida Ilê Ayê. A atração internacional, Cheikh Lô, que trará no repertório um misto do ritmos que compõem a natureza da música africana, bem conhecidos pelo público brasileiro, a exemplo das batidas do samba, reggae, soul e por aí vai. Para encerrar a noite muito swing, ska e samba com o carioca Jorge Ben que, de cd novo, o Recuerdos de Assunción 443, certamente, não deixará de tocar outros sucessos que marcaram o público e a carreira.

Domingo, 2 de dezembro, é o Dia do Samba. A programação não poderia ser diferente. O bloco afro Muzenza abre a noite, às 19h00. Logo depois, comemorando 20 anos de carreira, é a vez dos baianos apreciarem o voz marcante de Margareth Menezes. Fechando com chave de ouro, homenagem ao samba não poderia faltar, Martinho da Vila traz o show "Martinho da Vila, do Brasil e do Mundo".

Durante as duas noites, quem não quiser ficar parado, pode percorrer as ruas do Pelourinho, seguindo as batidas dos tambores da Banda Didá, juntamente com os grupos Boiada Multicor e Mamulengos.

Velha Guarda da Mocidade Independente de Padre Miguel - E as homenagens ao Dia do Samba não param por aí. Também, nos dias 1º e 2 de dezembro, a Caixa Cultural, na Av. Carlos Gomes, em Salvador, recebe a Velha Guarda da Mocidade. O samba volta às origens a partir das 20h00. Para curtir a Velha Mocidade basta levar, apenas, 1kg de alimento não-perecível.

Especiais Educadora FM (107.5) - Em homenagem ao Dia do Samba, nesta sexta, 30 de novembro, às 18h00, o destaque é o samba de primeira da cantora carioca Jovelina Pérola Negra. Sábado tem Estação Caribe, que traz a proposta de difundir os melhores sambas de todas as épocas e todos os estilos. Domingo cedinho, 08h00, é a vez do Encontro com o Chorinho, para aqueles que quiserem começar o dia em clima de boa música.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Vidas Cheias

Na contramão da produção latifundiária, onde impera a monocultura e a exploração da mão-de-obra do trabalhador sertanejo, o documentário Vidas Cheias revela a sabedoria dos camponeses na convivência com o semi-árido e imagens da beleza pouco conhecida do Sertão nordestino. Vídeo realizado pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e Comissão Pastoral da Terra.

www.cptpe.org.br/modules.php?name=Video_Stream&page=watch&id=5&d=1

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Jornalismo na Web: O universo dos blogs

Fonte: Obsservatório da Imprensa
Texto: Luis Nassif

O fenômeno dos blogs veio para ficar. Nos últimos dias participei de três seminários para discutir o tema. Há quem considere os blogs apenas uma forma de jornalismo se valendo de novas tecnologias. Na verdade, trata-se de uma mudança fundamental na forma de fazer jornalismo.

O jornalismo tradicional obedece a uma espécie de linha de produção com responsabilidades diluídas. Começa com a pauta. O chamado "aquário" (direção) planeja algumas matérias, o pauteiro de cada editoria consolida as sugestões e apresenta as suas.

Em geral se tem um pauteiro por editoria. Ele lê os jornais, recebe os releases das assessorias de comunicação, recebe a relação de eventos programados para o dia, das diversas sucursais.

A partir daí seleciona as pautas. A pauta é um roteiro a ser seguido pelo repórter. Contém algumas perguntas básicas, algumas orientações genéricas ou específicas e o nome de fontes a serem consultadas. Como o pauteiro é grande, mas não é dois, as questões quase sempre são genéricas e as fontes quase sempre são as mesmas.

A pauta é entregue para o repórter, em geral jornalista iniciante. Sem experiência na matéria, em apenas um dia terá que conseguir falar com a fonte, perguntar-lhe sobre o tema em geral (para entender do que está falando) e formular as perguntas solicitadas.

O repórter volta para a redação, entrega a matéria para o redator, que revisará o texto e eliminará erros mais evidentes.

Finalmente a matéria é paginada, cabendo ao editor fazer a manchete. Muitas vezes a matéria sai do "aquário" com determinado enfoque. O repórter, em contato com a notícia, apura visões distintas. Para manter o enfoque original, em muitos jornais haverá manchetes que não reproduzem fielmente o texto. Em parte devido à pressa do fechamento; em parte para atender às solicitações do "aquário".

Conceito ampliado

Nos blogs jornalísticos, o jogo é diferente. O blogueiro coloca uma nota. Os leitores entram comentando. Muitas vezes meramente para externar sua opinião. Outras vezes, trazendo informações adicionais, questionando o enfoque escolhido. São milhares de pessoas espalhadas por várias localidades. Dependendo do ambiente criado poderá haver uma riqueza e rapidez informações imbatível. Dependendo do ambiente, informações incorretas ou injuriosas.

No estágio atual, há muita catarse nos blogs. Em parte provocado pelas possibilidades abertas pelo novo "brinquedo". O leitor médio ganhou direito ao consumo nos anos 1970, ao voto nos anos 1980, à opinião, nos anos 1990, mas ainda de forma estática - enviando cartas aos jornais ou, através de pesquisas, induzindo o jornal a dar o que ele deseja. Com a internet, ele passa a ser voz ativa no processo. Pode opinar diretamente, sem intermediários.

No primeiro momento, o abuso faz parte do jogo. Depois, o sistema amadurece como um todo.

A próxima etapa da internet e do sistema de blogs será a ampliação do conceito de comunidades - que hoje já existe em portais tipo Orkut. Comunidades de estudiosos, ou de empresas se juntarão no mesmo ambiente, trocando informações, produzindo informações e fazendo negócios.

Pesquisa Ibope

Segundo dados do Ibope, a maior parte dos leitores de blogs jornalísticos está na faixa etária superior a 30 anos. Os leitores mais novos freqüentam mais blogs não-jornalísticos. E buscam informações de uso prático, como ferramentas de hacker, relacionamento, trocas de músicas etc. Por isso a idéia de que os blogs jornalísticos ainda são, no fundo, extensão do colunismo nos jornais.

Fim do jornal?

A idéia de que a internet vai substituir os jornais é falsa, segundo consenso dos debatedores de evento promovido pela Lew Lara Propaganda. Como lembrou o professor Carlos Chaparro, jornal não é meramente o que sai publicado em papel. Um jornal é uma instituição, com personalidade própria, leitores, formas de tratar a informação. O fato de sair em forma impressa ou digital é detalhe, não o essencial.

Credibilidade dos blogs

Questionou-se a questão das informações não-identificadas, ou dos spams que circulam pela internet. Ou mesmo de blogs falsos, como alguns criados para iludir a opinião pública. Nos Estados Unidos, por exemplo, fez sucesso um blog que era feito por um Steve Job (o criador da Apple) falso. Esse caos faz parte do jogo inicial. Com o tempo o próprio público irá criar âncoras de opinião, onde se escudar.

Imprensa à deriva: Onde a pauta? A pauta acabou?

Fonte: Observatório da Imprensa
Texto: Luiz Paulo Costa


Um dos procedimentos mais importantes na imprensa, em especial a escrita, é a elaboração da pauta jornalística. Elaborar uma boa pauta representa um elevado percentual para uma boa matéria. Lembro-me bem das pautas que recebia como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo em São José dos Campos, na década de 1970. Eram elaboradas pelos jornalistas Raul Martins Bastos (chefe do Departamento de Sucursais e Correspondentes), Ariovaldo Bonas e outros também excelentes profissionais de imprensa.

Lembro-me bem de uma pauta do jornalista Raul Martins Bastos, publicada no "Caderno de Jornalismo" do JB. Era citada, por professores de jornalismo e editores que conheci, como exemplo de pauta jornalística. Buscava tornar compreensíveis e acessíveis ao repórter os fatos a desvendar e levá-lo a enxergar os acontecimentos por todos os seus aspectos, ângulos e pontos de vista. Não era pauta apenas de quem conhecia o ofício de jornalista aprendido na escola formal ou da vida, mas de quem apreendeu a cultura jornalística capaz não só de conhecer e descrever os fatos, mas de enxergar as coisas do mundo sob todos os seus aspectos.

Trabalhar com uma pauta bem elaborada facilitava enormemente a coleta de informações e a redação do texto, de forma que o redator (copydesk) pudesse encontrar nas palavras usadas com precisão todo o cenário dos acontecimentos. E os títulos e subtítulos também acompanhavam o ritual jornalístico, reproduzindo exatamente aquilo que a matéria jornalística descrevia para os leitores. Não havia surpresas ou sustos. Nem para o repórter, muito menos para os leitores.

No dia seguinte, as surpresas

Hoje em dia, quando leio os jornais e revistas, fico em dúvida se aquilo que está publicado decorre de uma boa pauta jornalística. Apesar de toda a deficiência que se possa apontar nos cursos de jornalismo, o ofício também é capaz de ensinar através de uma boa pauta. É óbvio que deve haver o acompanhamento, a avaliação e a cobrança do trabalho de reportagem. Mas tudo começa por uma boa pauta jornalística.

E o que dizer do quase total desaparecimento do redator (copydesk)? A redução de custos parece que levou à solução "três em um" (pauteiro, repórter e redator)! Ou, pelo menos, "dois em um"(repórter e redator). A eliminação de estágios intermediários numa linha de produção industrial pode levar à redução de custos e, às vezes, até ao aumento da produtividade sem perda da qualidade do produto. No caso da produção jornalística, no entanto, apenas se os profissionais empregados forem superdotados isto será possível. E eles existem, sim, mas não são tão numerosos a ponto de atender a todo o mercado editorial brasileiro.

E na busca de culpados pela perda da qualidade de jornais e revistas, sobra para os recém-formados, os focas, enquanto os escalões superiores mais preparados apenas escrevem bilhetes. Daí, aqueles que são capazes de escrever bilhetes sem erros ou mesmo alinhavar uma pauta razoável em cinco linhas, acabam induzindo os repórteres a apenas coletar as informações para confirmar a matéria que já está desenhada pelos editores. E, no dia seguinte, as surpresas - para repórteres e leitores. Principalmente nos títulos para interessar os leitores. Mas que nem sempre correspondem aos textos das matérias jornalísticas.

Melhorar a qualidade

Para escrever este artigo, e perguntar se a pauta acabou, li a excelente tese de Cristina Rego Monteiro da Luz, "A pauta jornalística e suas mediações", apresentada e aprovada no Curso de Doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Um olhar acadêmico sobre a pauta jornalística, sua elaboração e estrutura. Defende a tese de que a pauta, generalista ou por editorias, é um instrumento referencial significativo e inexplorado no estudo sobre o processo de produção da notícia no Brasil. "Recurso organizacional nas redações dos maiores jornais do país, especialmente a partir da década de 50, a pauta revela ideologias, estruturas de poder, injunções políticas, econômicas e sociais ao longo da história da imprensa no país", desvenda a tese. Ali descobri, também, que o cargo de pauteiro foi uma invenção nacional.

Consultando o amigo jornalista Ruy Lopes e sua vasta experiência, em especial como ex-editor chefe da Folha de S. Paulo, quando lia tudo que seria publicado, dele ouvi que uma boa pauta era uma verdadeira matéria jornalística. Sem dúvida alguma, os jornais e revistas deveriam recriar a editoria de pauta, que existiu no Jornal do Brasil em 1966, tendo como titular o jornalista Fernando Gabeira. Talvez assim melhorasse a qualidade de nossos jornais e revistas, e teríamos menos surpresas e sustos ao lê-los.

Parabéns, blogueiros

Fonte: BBC Brasil, 31 de agosto de 2007
Texto: Ivan Lessa

Não fui eu quem disse. Deu no jornal. Num artigo de Scott Rosenberg. Saiu no The Guardian. Scott é co-fundador do prestigiadíssimo sítio Salon, autor do livro Sonhando em Código e blogueia em wordyard.com.

O autor e blogueiro começa seu artigo dizendo que, neste impagável ano da graça de 2007, o ato de bloguear está completando 10 anos de vida.

Em seguida, põe o fato em dúvida: argumenta que é o que dizem. Que o apagar de velinhas merece ser posto em dúvida. Portanto, logo de início, o jornalista, autor, sitiante e blogueiro põe na mesa as credenciais.

Faz o que toda gente dessa estirpe deve fazer: levantar dúvidas. Como bom blogueiro. Dúvidas quanto ao aniversário. Verdade que a cara dele foi livrada pelo próprio, uma vez que optou pela solução Gutemberg.

Fosse no blogue dele, lá estariam os habituais 81 comentários: xingando, duvidando, dando dados, subtraindo informações. O de sempre, enfim.

Tudo bem. Bloguear é sobre os amadores passarem a bola por entre as pernas dos profissionais e deixá-los caídos de bunda no meio do campo.

Parafraseio um trecho de Rosenberg, que insiste no fato de não haver uma data precisa para a comemoração. O Wall Street Journal, que não é bem uma publicação de se jogar fora, afirmou em artigo recente que o “primeiro blogueiro” (atenção para as aspas) foi um cavalheiro por nome Jorn Barger, com um – para dar o nome de batismo completo – weblog intitulado Robot Wisdom, ou seja, sabedoria robô.

Besteira do Journal: choveram reclamações, blogueou-se adoidado por este mundo afora, todos blogueadores gozando e reafirmando o fato de que não tem jeito mesmo, jornal e jornalismo nunca irão publicar as coisas direitinhas como eles são, foram ou deixaram de ser.

Mais um confronto entre papel e eletrônica. Esta última, ao que parece, ganhando de lavagem, ao menos em números.

Certos fatos (ou factos)

Em primeiro lugar, toda a graça dos blogues é que não há fatos. Há suposições, há versões, há interpretações. O mundo é muito pessoal e só pessoalmente há como entendê-lo e interpretá-lo.

Mais: o mundo começa em casa, diante do computador e o longo e, por vezes, doloroso processo de pesquisar as coisas que vai se bloguear.

Ainda mais: o blogue é, em sua essência, um ato de generosidade. Não se está ganhando dinheiro quando se denuncia o verdureiro da esquina cobrando mais caro pelo jiló ou se critica a política externa do Irã ou dos Estados Unidos.

Ou ainda se posta (post?) um clipe da Ava Gardner ou do Errol Garner tocando Laura no piano. É a pura vontade de se botar para fora, em ordem e pensado, o que se passou e passa pela cabeça do indivíduo. E o que a ele dá prazer ou alegria.

Eu, cá entre nós, sou chegado aos blogues que lidam com as coisas que me falam mais de perto aos meus interesses: música popular de qualidade, cinema, passadismos.

Política me deixa gelado. Meu negócio é papo. Não entra na fila dos comentários por pura timidez. Embora já tenha entrado, dados meus pontapés e dito minhas besteiras.

Sem livro, please

Os blogues já foram reunidos e publicados em livro. Em muitas línguas. Principalmente em inglês, que é a língua da Net. Até agora. Já teve livro inclusive em nosso português.

Antes, claro, da reforma ortográfica que vem aí. No que aproveito para dar – não usarei o termo “pauta” – uma deixa: blogueiem com fúria essa reforma. Com fervor: por favor.

Mas eu dizia que blogue em livro não funciona. Mesmo. Vira velho de terno e gravata de pé em frente à praia com a mão direita no bolso urubuservando as mocinhas que passam. Há uma certa obscenidade no blogue em formato de livro.

Blogue, essa a verdade, é o maior buteco do mundo. Buteco, sim, senhor. Com U. O que só se pode discutir em blogue. Outro que também merece uma lenha: é blog ou blogue? É site ou sítio? Eu prefiro sítio. Porque me lembra o Picapau Amarelo. Eu prefiro blogue. Talvez porque tenha uma pinta assim de blague.

Senta aí, companheiro. Puxe uma cadeira. Vai querer o quê? Uma cerveja estupidamente gelada? No problemo, como dizem os Bart Simpson da vida. Diga lá. Vamos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

A Vale é nossa: Campanha pela reestatização da Companhia Vale do Rio Doce

Fonte: Caros Amigos, Ano XI, Número 125, Agosto de 2007

Movimentos sociais promovem plebiscito popular sobre a privatização da Cia. Vale do Rio Doce

Iniciativa questiona venda da empresa em 1997 e é apoiada por juristas e setores da igreja, que apontam irregularidades no processo de privatização.

Entre os dias 1 e 9 de setembro, um coletivo nacional de mais de 60 organizações sociais e políticas e entidades ligadas à Igreja Católica promove um plebiscito popular que retoma o debate sobre a legalidade do leilão de privatização da Companhia Vale do Rio Doce, realizada em maio de 1997 durante o governo Fernando Henrique Cardoso. No plebiscito, que terá urnas de votação em todos os estados do país, a população poderá opinar sobre a manutenção ou anulação do leilão. O resultado do pleito será divulgado no dia 25 de setembro, quando os movimentos deverão entregar uma cópia do registro do processo e da apuração aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (STJ e STF).

Segundo os organizadores do Plebiscito – MST, CUT, Conlutas, Intersindical, UNE, Assembléia Popular, Pastorais Sociais da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre outros -, a intenção é retomar a discussão sobre a alienação de recursos naturais estratégicos do país para o capital internacional, e a conseqüente ameaça à soberania nacional, tema que já mobilizou ações em outros paises, como Bolívia (guerra da água em Cochabamba e nacionalização do petróleo e do gás), Argentina e Uruguai (água).

As organizações sociais também questionam as perdas econômicas para o Brasil com a venda da Vale. À época da privatização, a empresa detinha um patrimônio avaliado em R$ 10 bilhões, com valor de venda estimado em R$ 92 bilhões; entretanto, o preço final pago no leilão foi de R$ 3,3 bilhões de reais. Também anunciou-se naquele momento que a empresa tinha 3 bilhões de toneladas em reservas de minério de ferro. Um ano depois, segundo os novos acionistas, foram declarados 13 bilhões de toneladas em reservas.

As justificativas para a privatização da Vale na época eram a hipotética incapacidade do Estado em gerir a empresa e a necessidade de gerar caixa para pagar a dívida. De acordo com a auditora fiscal da Receita Federal, Maria Lucia Fatorelli, presidente do Unafisco Nacional e coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida pela Campanha Jubileu Sul, a justificativa de que as privatizações ajudaram a diminuir a dívida brasileira não se sustenta. “Vendemos as empresas, perdeu-se o patrimônio, e a dívida aumentou. Hoje a dívida interna ultrapassa 1 trilhão de reais, e a dívida externa é de mais de 200 milhões de dólares”, aponta Maria Lúcia. “No último ano, cerca de 36,7% do orçamento público foi destinado ao pagamento de juros e amortizações dessas dívidas”, completa. Em 2006, o lucro líquido da empresa foi de R$ 12,4 bi.

Do ponto de vista jurídico, advogados que acompanharam o caso levantam outros problemas. “O Bradesco, um dos responsáveis pela avaliação da empresa, transformou-se em um dos acionistas, o que é proibido”, aponta Eloá Cruz, que ingressou com uma das mais de 100 ações contra a venda da empresa. A ação de Cruz pede a declaração de nulidade do leilão, por conta desta e de uma série de outras irregularidades constatadas no processo.

Para Fábio Konder Comparato, jurista e professor da USP, a questão vai além do próprio processo de privatização. Segundo o jurista, o Estado não poderia nem sequer vendê-la sem consultar a população. “O Estado brasileiro não era dono da Cia.Vale do Rio Doce. A Vale é um patrimônio que pertence ao povo brasileiro; o Estado é mero gestor. Ora, nenhum mandatário, nenhum gestor, pode vender um bem que pertence ao proprietário sem o consentimento dele”, defende Comparato.

Os processos judiciais que questionam a venda da Vale do Rio Doce continuam correndo, e nesse momento esperam uma decisão da 1ª seção do Supremo Tribunal de Justiça, em Brasília, que avalia a necessidade das ações terem seu mérito julgado em conjunto. Essa possibilidade legal de declaração de nulidade do leilão dá esperança aos movimentos que propõem o plebiscito. Para eles, a realização da consulta popular permite à população o exercício de seu direito de opinar sobre o destino da nação. "O plebiscito promove o exercício legítimo e legal de decisão sobre temas importantes, como o uso e destino de nossas reservas minerais, e pode ser um indicativo para que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário respeitem também a vontade do povo", afirma João Paulo Rodrigues, membro da coordenação nacional do MST.

Grito dos Excluídos encampa plebiscito

O Grito dos Excluídos, evento nascido no Brasil e que ocorre anualmente em toda a América Latina no dia 7 de setembro, adotou a defesa da consulta popular sobre a Vale como lema de sua 13ª edição. De acordo com a Pastoral Social do Migrante, principal organizador da mobilização, as manifestações do Grito em todo o país, especialmente na marcha na capital paulista e no ato em Aparecida do Norte (interior de SP), devem convocar a população para participar das votações.

A iniciativa do plebiscito popular já foi utilizada para promover o debate sobre outros temas, como o questionamento da divida externa brasileira, em 2000, e da implementação da Área de Livre Comércio para as Américas (Alca), em 2002. Esta última consulta teve a participação de 10 milhões de votantes.

Agora, o plebiscito popular perguntará se a Vale deve continuar nas mãos do capital privado. Pergunta semelhante foi feita em pesquisa nacional realizada em junho deste ano pelo Instituto GPP, encomendada pelo DEM (ex-PFL). Nela, 50,3% da população se colocaram a favor da retomada da Vale pelo Estado, enquanto 28,2% foram contrários e 21,5% não souberam responder. O plebiscito também consultará a população sobre a dívida pública, a gestão da energia elétrica e a reforma da previdência.

A Campanha "A Vale é nossa" produziu um documentário sobre o processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce, que está dividido em três partes e disponível na internet nos seguintes endereços:


http://br.youtube.com/watch?v=LM6oph1muCI


http://br.youtube.com/watch?v=qBEK1Wup0dw


http://br.youtube.com/watch?v=GfwlYZeVjF4

Mais informações sobre o Plebiscito,
locais e forma de votação podem se encontradas no site oficial da campanha, http://www.avaleenossa.org.br/

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Teatro Vila Velha inscreve para Oficinas de Capacitação

Fonte: ATarde

Estão abertas a partir desta segunda-feira, 27, as inscrições para as "Oficinas do Vila-Ponto de Cultura do Teatro Vila Velha", que acontecerão a partir do mês de setembro. Poderão participar integrantes de grupos artísticos de Salvador e Região Metropolitana, com idade entre os 17 e 25 anos.

As inscrições podem ser realizadas de até o dia 31, no próprio teatro.Os interessados devem apresentar um foto 3X4 e preencher uma ficha de inscrição disponível em no site www.teatrovilavelha.com.br/oficinas.

Os inscritos passarão por um processo seletivo e o resultado será divulgado no dia 4 de setembro. As vagas são limitadas. Serão realizadas as oficinas de iniciação à técnica teatral (iluminação cênica, sonorização e cenografia), iniciação a figurino e maquiagem, preparação corporal para cena e assessoria de imprensa para grupos artísticos. A oficinas começam a partir de 10 de setembro.

Serviço

Inscrições para a seleção: 27 a 31 de agosto/2007 – das 10h às 18h
Divulgação da seleção: 4 de setembro/2007 - no site.
Início das oficinas: a partir de 10 de setembro
Informações: pelo site www.teatrovilavelha.com.br/oficinas
e-mail
: comunicacao@teatrovilavelha.com.br ou pelo telefone 3083-4600.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Castro Alves: Navio Negreiro - 18 de abril de 1869

Nascido em 14 de março de 1847, Castro Alves, aos 22 anos, escreveu Navio Negreiro em São Paulo.

Acima, foto de escravos libertados pelas Marinha Britânica, que de 1808 a 1860 apreendeu 1,6 mil navios negreiros e libertou 150 mil pessoas.

Hoje, os ingleses comemoram 200 anos de abolição da escravatura. O Brasil foi um dos últimos países a banir o regime escravagista, mas até hoje a falta de mecanismos de inserção social desses escravos libertos perdura.

I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

II


Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...

III


Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

V


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

VI


Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Foto do dia: Eclipse lunar visto da ilha de Hokkaido, Japão

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

II Seminário Baiano de Radiodifusão Comunitária: A Comunicação como fator de Transformação Social

Com o tema "A Comunicação como Fator de Transformação Social", o 2º Seminário Baiano de Radiodifusão Comunitária visa propiciar a discussão sobre a democratização e o acesso aos meios, incentivo à criação de canais comunitários de TV, Internet, Jornal e Rádio por parte da sociedade civil e de movimentos sociais organizados, e a configuração do mercado em relação às novas tecnologias, com a convergência de sinais e suportes de áudio, vídeo e texto.

A continuidade desta iniciativa é uma parceria do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio, TV e Publicidade da Bahia – SINTERP, Associação de Rádios Alternativas e Comunitárias da Bahia – ARCOBA e da Rede Brasileira de Educomunicação Ambiental – REBECA, com o apoio do Serviço Social do Comércio - SESC, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC e Sindicato dos Jornalistas do Estado da Bahia.

O evento será realizado nos dias 29, 30 e 31 de agosto de 2007, no Centro Cultural da Câmara de Vereadores de Salvador.

INSCRIÇÃO

Doação de 2kg de alimentos estocáveis (exceto sal), que serão entregues as Instituições atendidas pelo Programa Mesa Brasil SESC. A inscrição poderá ser realizada através do site:www.ba.senac.br Mais informações: (71) 3340-4000 ou 3273-9767.

ALMOÇO

O SESC Comércio, na rua Torquato Bahia, 3, 1º andar, estará disponibilizando o almoço no valor de R$2,20 para os participantes que estiverem com o crachá do evento.

HOSPEDAGEM

Para os participantes vindos do Interior, o SESC Piatã está oferecendo diária no valor de R$20,00, com direito a café da manhã e jantar, e a Organização do evento irá disponibilizar um ônibus que fará o traslado até o Centro Cultural. Setor de Reserva do SESC Piatã - (71) 3367-8533/8520 ou reserva@sesc-ba.com.br

domingo, 26 de agosto de 2007

Projeto JamNoMam está de volta ao Solar do Unhão


Depois de alguns anos fora de circulação no Solar, o Projeto Jannomam, de elaboração e colaboração do baterista Ivan Huol, ganhou as ruas e estações de diversos pontos da cidade, somente retornando agora, neste sábado 25 de agosto, ao seu local de origem, o Museu de Arte Moderna da Bahia.

As jam sessions - termo usado para designar um misto de ritmos que vão do blues ao jazz, passando pelo rock - acontecerão sempre aos sábados, a partir das 18:00. A novidade é a mudança do local de apresentação, que antes acontecia no pátio de entranda em frente à igreja, para a parte inferior onde se encontra o estacionamento.

Para aqueles que estiverem a fim de curtir o pôr-do-sol, além de ouvir música de boa qualidade por um preço simbólico de R$ 2, basta chegar um pouco mais cedo e admirar a memorável vista para a Baía de Todos os Santos. O local, que já foi um antigo engenho de cana-de-açúcar, inspira todo um clima noir, emanando sensações e vibrações das mais distintas em seus frequentadores.

O ambiente é saudável, propício para encontros românticos ou entre amigos, bater um bom papo, tomar uma cerveja ou, apenas, sentar e meditar ao som do rhythm n' blues e das marolas que cantam na orla da Gamboa. Lá se pode encontrar pessoas das mais variadas e excêntricas, sem distinção de classe, cor, credo e idade.

O MAM abriga, além das exposições ao longo do ano, uma sala de cinema que faz parte do circuito Sala de Arte, uma iniciativa que oferece filmes fora do modelo hollywoodiano e longe da agitação dos shoppings. Vale à pena conferir.

Serviço:

Jamnomam, Museu de Arte Moderna, Solar do Unhão
Todos os sábados, 18:00hs
Ingressos: R$ 2

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Guia para a edição jornalística - Capítulo 1: Couraça de Caráter

ATIVIDADE: Fazer fichamento do capítulo 1, do livro "Guia para a edição jornalística", de Luiz Costa Pereira Junior, para a matéria Design Gráfico, sob orientação da professora Márcia Guena. Sendo assim, para melhor absorção do conteúdo, será necessário fazer associações entre a teoria e a prática jornalística, exemplificando com modelos de notícias veiculadas pelos meios de massa.

Em
Couraça de caráter o autor, Luiz Costa Pereira Junior, inicia seu escrito levantando uma gama de questionamentos, contestações e possíveis alternativas para o trabalho exercido no cotidiano das redações, dos veículos de comunicação responsáveis de prover o leitor, não menos cidadão e consumidor, do seu direito à informação de qualidade.


Para Costa, a atividade jornalística carrega o peso da responsabilidade na confiança que a consciência coletiva nutre pelo profissional de imprensa. Devido a isso, é imprescindível que estes profissionais, por serem conhecedores dos processos de produção da notícia, jamais desapontem o leitor que lhes dão crédito. O autor, durante o texto, lança mão constantemente do termo "caráter", que se refere às decisões editoriais impregnadas de conceitos e valores subjetivos sobre critérios de trabalho, casos de impasse ético, interferência organizacional no cotidiano da Redação, que resultam em pressões profissionais das mais variadas linhas.


Neste capítulo, o autor retrata o papel fundamental que o editor exerce numa Redação, de modo que, este se beneficia de tal influência que pode comprometer todo o conteúdo de um trabalho e, conseqüentemente, alterar a ordem do comportamento coletivo, direcionando seu pensamento, de acordo com o enquadramento dado aos fatos, quer seja enaltecendo ou omitindo certos aspectos que estejam de acordo com a linha editorial da lógica empresarial.

Costa não deixa de ressaltar as atividades atribuídas ao editor. Além do exercício da profissão, este deve estar apto a exercer funções nem sempre relacionadas às práticas jornalísticas, a despeito da administração de pessoal, de recursos financeiros e da mediação da redação com o macro-ambiente, gestores detentores dos meios de produção.


De acordo com o autor, editar é o exercício da conquista, uma sedução sem sexo, é valorizar a informação, dar peso à notícia, hierarquizar, não obstante, filtrar e controlar o que pode e o que deve ser dito ou escrito, por meio de triagens que dão ênfase à redação jornalística e à captação de imagens, fotos etc. Tecnicamente falando, segundo Costa, em se tratando de veículo impresso, editar é definir um espaço, determinar seu lugar, considerar se haverá foto e o seu tamanho, privilegiar o trabalho feito no tempo e no espaço estipulado.


Segundo Costa, o editor é quem determina o valor de um fato. Valor este que pode flutuar ao sabor das "(in)gerências". A seleção de notícias é feita, na maioria dos casos, de acordo com interesses políticos, econômicos ou morais dos grupos controladores de um veículo, resultando na censura e distorção da informação.

Os pretextos de caráter de edição da notícia, exponenciados por Costa, levam em consideração parâmetros profissionais, pressupostos técnicos e limitações do trabalho. Critérios universalizados para sustentar escolhas que, na verdade, são subjetivas, particulares. Esse comportamento resulta no que Umberto Eco classificou como um "constrangimento" à individualidade do profissional de imprensa, dissimulado pelas determinações técnicas e sociológicas da mídia.

É nesse contexto que o autor utiliza o termo gatekeeper, ou seja, que está relacionado às formas de controle da informação, criadas pelos veículos. Costa exemplifica, usando o questionamento de David Manning White, sobre por que uns fatos viram notícia e outros, não. A resposta é: porque há um filtro. E este filtro se utiliza das mais diversas justificativas, como a falta de espaço ou de interesse jornalístico. Sendo assim, White notou que as regras profissionais são mais fortes que as preferências pessoais. Desse modo, muito do que é produzido acaba sendo barrado por motivos desconhecidos.


O autor enfatiza que, por causa dessa filtragem da informação, a comunicação, por conseguinte, obtém efeito limitado, pois, depende da capacidade de discernimento do receptor. Ainda assim, este consumidor, por sua vez, já não é tão livre, à medida que consome um produto pré-selecionado, direcionado.

Costa destacou as observações de White e Breed, nos anos 50, segundo os quais a estrutura burocrática da organização, bem como as interações promovidas no âmbito profissional influenciam a produção jornalística. Como resultado, se estabelecia um conformismo generalizado entre os profissionais através de um processo gradativo de estímulo e punição. Tal atitude culminaria em um trabalho autômato que pouparia o jornalista das correções e repreensões promovidas por seus superiores.


Entretanto, Breed notou que algumas dessas normas, muitas delas não-institucionalizadas, eram passíveis de fornecer lacunas para um exercício profissional independente. Essas vias dependeriam da propriedade de conhecimento no terreno a ser adentrado, o que Breed classifica como "saberes transversais". Para tanto, será necessário que o jornalista possua a capacidade de identificar fatos valorosos, saiba o que fazer no levantamento de informações e saiba construir textos agradáveis e atraentes.


Para Costa, a assiduidade das rotinas de edição, o habitus noticioso, implica em pautas repetitivas, sem diversidade. O habitus, nesse caso, tem algo a ver com a teoria behaviorista, onde as práticas de observação de situações repetidas seriam absorvidas num processo de osmose organizacional. As conseqüências dessas ações resultariam, então, no procedimento de antecipação dos acontecimentos. Desse modo, o "faro" jornalístico se tornaria habitus, dispensando demasiada reflexão.


Outro aspecto interessante, destacado pelo autor, é a indagação sobre o que é de interesse público, de fato. Ele observa que muito do que é produzido é feito em função da concorrência, seja esta entre veículos ou entre profissionais da área, pois, uns são leitores dos outros e têm medo de arriscar, de inovar. Sendo assim, os jornais ficam cada vez mais parecidos, tanto em aparência quanto em conteúdo.

Esse comportamento é o que Umberto Eco classifica como "cortina da obviedade", que tem como efeito a sensação de algo já visto, o que torna cansativo o consumidor e, até mesmo, o profissional da informação. Na corrente do mesmo pensamento, Ignácio Ramonet utiliza o termo "bola de neve auto-intoxicante", pois, quando um veículo divulga um fato considerado importante, os outros o segue. É o que se pode chamar de "pautar a agenda".

Costa conclui que o habitus nada mais é que a sucessão de atos repetitivos no ambiente da Redação, passível de sofrer alterações ao calor de acontecimentos inusitados, que necessariamente quebrariam a rotina organizacional, exigindo reflexão e cálculo, a fim de garantir um melhor resultado editorial.